sexta-feira, 13 de novembro de 2015

GASOMETRIA ARTERIAL: O QUE DEVEMOS SABER





A gasometria arterial avalia a troca gasosa, através da medida das pressões parciais de oxigênio (PaO2) e dióxido de carbono (PaCO2), assim como o pH de uma amostra arterial. Comumente utilizado, tal procedimento requer uma série de cuidados prévios que vão desde a escolha do melhor local, até a avaliação clínica do paciente e verificação de medicamentos de uso habitual da pessoa, os quais possam vir a causar sangramentos. Tais cuidados acabam sendo essenciais para que não ocorram uma série de complicações advindas não só da técnica de punção utilizada, bem como das próprias condições clínicas do paciente.


Neste sentido, verifica-se que tal procedimento apresenta-se bastante complexo na sua realização, e desta forma, a lei que rege o exercício da profissão de enfermagem, Lei no 7.498, de 25 de junho de 1986, regulamentada pelo Decreto no 94.406 de 08 de junho de 1987, é bastante cristalina:


Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe– privativamente: cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões imediatas; (BRASIL, 1986).




O COREN-SP emitiu parecer a respeito do assunto (confira na íntegra clicando aqui), classificando-o como privativo do enfermeiro.


A PaO2 mede a pressão exercida pelo oxigênio dissolvido no sangue e avalia a habilidade dos pulmões de oxigenar o sangue. A Paco2 mede a pressão exercida pelo dióxido de carbono dissolvido no sangue e reflete a pressão exercida pelo dióxido de carbono dissolvido no sangue e reflete a adequação da ventilação pulmonar. O pH mede a concentração dos íons de hidrogênio (H+) e os íons carbonato (HCO3-) representam a medida da concentração desses ions no sangue, regulada pelos rins. A saturação de oxigênio (SaO2) é a expressão da quantidade de oxigênio sanguíneo por meio de porcentagem, refletindo a quantidade de oxigênio que o sangue pode transportar se todas as moléculas de hemoglobina (Hb) estivessem completamente saturadas.


A gasometria arterial objetiva avaliar a eficácia da troca de gases pulmonares; avaliar a integridade do sistema de controle ventilatório; determinar os níveis ácido-básicos do sangue e monitorizar e avaliar a terapia respiratória.


Procedimento


Preparação do paciente


1. Explicar ao paciente que a gasometria arterial avalia como os pulmões estão entregando o oxigênio ao sangue e eliminando o dióxido de carbono.


2. Avisar ao paciente que o exame requer uma amostra de sangue.


3. Explicar ao paciente quem irá proceder à punção arterial.


4. Após avaliação, informar ao paciente qual será o local da punção: artéria radial, braquial ou femoral.


5. Informar ao paciente que ele pode não precisar de restrição alimentar ou de fluidos.


6. Instruir o paciente a respirar normalmente durante a coleta de sangue arterial e avisá-lo que uma dor rápida e latejante poderá ser sentida no local da punção.


Implementação


1. Lave as mãos conforme técnica adequada.


2. Organize o material necessário:


· Agulha hipodérmica


· Seringa de 3ml com heparina (ou seringa específica para gasometria arterial)


· Cubo de borracha para proteção da agulha (em geral, presente nos kits para gasometria arterial)


· Tampa plástica para a seringa


· Bolinha de algodão com álcool 70% (ou lenço antisséptico)


· Bolinha de algodão seco (ou gaze)


· Luvas de procedimento


3. Posicione o paciente com o punho em extensão.


4. Localize a artéria radial com os dedos indicador e médio. Realize o Teste de Allen: comprima as artérias radial e ulnar ao mesmo tempo. A mão ficará descorada. Interrompa a compressão sobre a artéria ulnar e a cor normal da mão deverá retornar. Esse procedimento assegura que haverá aporte sanguíneo para a mão caso haja espasmo da artéria radial.


5. Calce as luvas e conecte a seringa à agulha.


6. Desencape a seringa e localize novamente a artéria radial usando a sua mão não-dominante.


7. Insira a agulha na pele em um ângulo de 30 graus, no local onde há pulsação máxima da artéria radial. Avance lentamente a agulha até que haja um fluxo de sangue dentro da agulha. A pressão arterial preencherá a seringa.


8. Remova o conjunto agulha/seringa, protegendo a ponta da agulha no cubo de borracha.


9. Aplique pressão sobre o local da punção com a bolinha de algodão para estancar o sangramento. Prolongue a pressão por um período de 3 a 5 minutos.


10. Retire de forma segura a agulha (com a ponta já protegida) e despreze na caixa coletora de pérfuro-cortantes.


11. Oclua a ponta da seringa com a tampa fornecida pelo fabricante e retire qualquer bolha de ar presente.


12. Disponha o material em uma caixa com gelo (ou gelox) e encaminhe prontamente para análise.


13. Retire as luvas, despreze-as no cesto de lixo infectante.


14. Lave as mãos e agradeça ao paciente.


15. Realize a anotação correta sobre a realização do procedimento no prontuário do paciente. Não esqueça de relatar possíveis intercorrências.


Intervenções de Enfermagem


1. Após aplicar pressão sobre o local da punção por um período de 3 a 5 minutos, depois de verificar que o sangramento cessou, faça um curativo com gaze firmemente fixada sobre o local puncionado.


2. Se o local puncionado for no membro superior, não prenda fita adesiva em toda a circunferência do braço. Isso pode restringir ou interromper a perfusão sanguínea.


3. Se o paciente está em uso de anticoagulantes ou possui alguma coagulopatia, aplique pressão no local de punção por mais de 5 minutos, caso seja necessário.


4. Caso o paciente esteja em oxigenoterapia, anote o fluxo de oxigênio e o modo de oxigenoterapia/ventilação.


5. Monitore os sinais vitais e observe se existem sinais de prejuízo circulatório.


Interpretação


Resultados Normais


Os valores normais da gasometria arterial variam entre os valores abaixo.


· PaO2: 80 a 100 mm Hg (SI, 10.6 to 13.3 kPa)


· PaCO2: 35 a 45 mm Hg (SI, 4.7 to 5.3 kPa)


· pH: 7.35 a 7.45 (SI, 7.35 to 7.45)


· SaO2: 94% a 100% (SI, 0.94 to 1)


· HCO3-: 22 a 25 mEq/L (SI, 22 to 25 mmol/L)


Achados Anormais


§ PaO2 e PaCO2 baixos podem resultar de condições que prejudicam a função respiratória, tais como hipotonia ou paralisia dos músculos respiratórios, inibição do centro respiratório (decorrente de TCE, tumor cerebral ou abuso de drogas).


§ Baixas leituras podem resultar de obstrução bronquiolar causada por asma ou enfisema, bem como por uma taxa de ventilação/perfusão baixa em decorrência de alvéolos parcialmente ocluídos, danificados ou preenchidos por fluidos.


§ Quando o ar inspirado contem oxigênio insuficiente, a PaO2 diminui e a PaCO2 pode permanecer normal. Tais achados são comuns em pneumotórax e difusão gasosa prejudicada entre os alvéolos e o sangue.


Precauções


§ Aguarde pelo menos 20 minutos antes de coletar uma amostra para gasometria arterial sempre que iniciar, mudar ou descontinuar a oxigenoterapia; após iniciar ou mudar os parâmetros da ventilação mecânica; ou após extubar o paciente.


§ Antes de enviar a mostra ao laboratório, anote na requisição do exame se o paciente estava em ar ambiente ou em oxigenoterapia quando a amostra foi coletada.


Fatores interferentes


§ A exposição da amostra ao ar ambiente pode aumentar ou diminuir a PaO2 e PaCO2.


§ Sangue venoso como amostra possivelmente diminui a PaO2 e aumenta a PaCO2.


§ O uso de Diamox, Macrodantin e Tetracycline pode diminuir a PaCO2.


§ Febre pode causar uma falsa elevação na PaO2 e PaCO2.


Complicações


§ Sangramento no local da punção


§ Hematoma local


§ Espasmo arterial



Fontes: OSCE Skills, NursingCrib, Pneumo Atual e COREN-SP

Por: http://saladeenfermagem.com/2015/04/08/gasometria-arterial-o-que-devemos-saber/






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